O Ritual Fúnebre que nasceu para um Caçador
Em Ketu, havia um aclamado caçador, que era o grande líder de onde vivia, seu nome era Oduleke.
Esse caçador criou uma menina que nasceu na cidade de Irá, essa menina era chamada de Oya.
Oduleke gostava muito de Oya, que tornou sua filha predileta, conquistando lugar de destaque entre o povo.
Quando Oduleke faleceu, Oya ficou muito triste, mas mesmo diante da tristeza, queria muito homenagear Oduleke, o seu pai adotivo.
Oya então reuniu todos os instrumentos de caça de Oduleke, e enrolou-os em um pano branco.
Oya preparou todas as comidas que Oduleke gostava em vida e ao longo de 07 noites, Öya dançou e cantou em vigília, em volta de uma fogueira com os objetos de caça de Oduleke.
Com seus ventos, Oya levava o som dos seus cânticos à todas as cidades, chamando dessa forma todos os caçadores para homenagear Oduleke.
Após a sétima noite, acompanhada pelos demais caçadores, Oya embrenhou-se na mata e, aos pés de uma frondosa árvore, colocou os objetos de caça de Oduleke.
Nesse momento, um pássaro Agbe partiu voando dos objetos em direção ao Òrun.
Olódùmarè presenciou toda homenagem à Oduleke.
Emocionado, outorgou à Oya, o poder de encaminhar todos que morressem aos espaços do Orun.
Razão pela qual recebeu o nome de Oya Mësan Orun (senhora dos 09 Orun).
Desde então, todos que partem para o Orun, são levados por Oya.
Mas, antes, em alusão à história, os parentes e amigos, reúnem-se para fazer uma vigília (Ajeje em Yorùbá) em homenagem ao ente que se foi.
Por isso algumas casas na Bahia iniciam os cânticos fúnebres no Àsèsè, com as louvações em homenagem aos caçadores, pois o primeiro ritual fúnebre da cultura yorùbá, foi realizado para um caçador.
É por isso, ainda, que há uma grande preocupação para que durante a cerimônia, a vela permaneça acesa, sendo que, em verdade, ela representa a fogueira feita por Oyá em homenagem à Oduleke.
Zander ti Osàlá
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