Tinha um sinal de nascença que seria o símbolo cujo qual mudaria minha vida após a morte: a caveira. O nascimento fora complicado, vim em pleno cemitério nos jardins da casa, minha avó precisou aparecer em espírito para ajudar, pois era enfermeira em vida. Daí em diante, sua alma costumava trazer acalento dentro e fora da casa, era minha escudeira e melhor amiga, posso dizer até mesmo dizer que uma guia.
Na infância e adolescência eu era considerada estranha, pois sempre procurei me acalmar no cemitério, onde me punha a pensar sobre a vida e os desafios que minhas irmãs costumavam trazer. Meus pais ensinaram-me magia para que assim pudesse ter defesa contra qualquer mal enviado, mas mal imaginavam eles que a escassez de feitiços para ataque causaria minha morte.
Tudo aconteceu numa noite de temporal em pleno fim de semana, era madrugada de sexta-feira quando a segunda irmã mais velha acabou por me pedir ajuda, disse ela que a mais jovem estava passando mal, e como todos os outros dormiam, precisaria de mim para realizar uma magia de cura.
Sem pensar no mal, segui-a até o quarto, onde um círculo contendo quatro mulheres começou a pronunciar palavras irreconhecíveis, elas haviam estudado magia negra sem consentimento dos nossos responsáveis, e com tal conhecimento os mataram antes de procurar a próxima vítima: eu.
Sem consciência, guiada pela raiva e pesar, eu havia no passado matado minha irmã mais velha.
Inesperadamente fiquei pálida e cai ao chão, aquelas que deveriam unir-se a mim para proteger a casa e nossa irmandade agora estava ali, pronta para causar a morte. A mais nova de todas gargalhava com os olhos fixos em mim, fora ela quem planejara tudo, pude perceber isso em sua face doentia.
Chegando ao mundo dos mortos, me vi em pleno umbral, as megeras haviam enviado minha alma ao inimigo, mas futuramente encontrei Tata Caveira, responsável por libertar-me da tormenta, cujo qual ofereceu um trabalho que poderia ajudar a todos, bem como trazer luz ao meu espírito tão sofrido.
Aceitei, foi neste momento que a falange dos Caveiras se tornou minha principal casa, uma na qual nunca antes havia imaginado, uma que realmente me ama e busca evolução.
A caveira representa humildade, demonstra que todos somos iguais por dentro, que o egocentrismo é desnecessário, pois nascemos da terra e a ela voltaremos ao final de cada encarnação.
Na rosa morre a intriga, o amor renasce com essa linda flor, trazendo esperança para novos dias, alegria quando a tristeza costuma reinar.
Lhe contei hoje esta história para explicar o motivo pelo qual venho nesse plano, estou aqui sempre que de mim precisarem, protejo a todos cujos quais possuem fé no meu nome e na banda que acompanho, mas jamais peça o mal, ou ele não só pode como deve ser recebido de volta.
Minhas irmãs hoje aprenderam isso, acredito que mais ninguém queira ser o próximo, pois o umbral é um dos piores locais que já visitei, hoje trabalho levando os espíritos de lá para a luz eterna, ensinando-os para que jamais cometam os mesmos erros novamente.
Autora do texto: Thais Lopes Vaz
Imagem retirada do Pinterest
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