Na quarta-feira de cinzas iniciará para os católicos um período de reflexão e penitência. Já na missa de Cinzas, a cruz feita com cinzas na testa serviu, para representar a queima das paixões mundanas e o início da purificação. Por força do sincretismo o negro submetido a escravidão e a religiosidade católica, por imposição, associava então práticas do ritual católico à devoção dos Orixás. Como nos altares, onde a cruz e a imagem de Nossa Senhora permanecem cobertos por um manto roxo, os escravos cobriam seus objetos de culto com um pano branco simbolizando também 40 dias de interrupção nas cerimônias do candomblé e esse costume atravessou séculos e décadas. Muitas casas-de-candomblé até hoje permanecem os 40 dias com seus trabalhos suspensos. Em alguns terreiros de tradição Jeje ocorria e em poucos ainda ocorre a cerimônia do Lorogun, na qual os Orixás saem para guerrear e retornam no Aleluia, quando hoje muitas Casas terminam a quaresma tocando pra Exú e/ou Ogum.Na minha tradição de Axé não há interrupção, por um simples detalhe: ORIXÁ NÃO CONHECE QUARESMA. É um período do calendário cristão. Por isso damos continuidade ao nosso culto normalmente, sem interrupção. Sabemos que muita coisa no Candomblé se move pela tradição contudo precisamos rever a lógica das coisas. Da mesma forma que nenhum yaô meu assiste missa após "dar nome", porque eu não preciso da benção de um outro sacerdote, de outro credo, para confirmar tudo o que eu fiz. Sendo assim, brincamos o carnaval, vestimos a fantasia, mas a vida continua, reponha as energias, alimente seu corpo de forma saudável e por fim peça aos Orixás força e vigor, porque afinal de contas é Brasil né gente, agora que o ano começou.
Fonte :
Babalorixá Alam de Oxaguiã
Babalorixá Alam de Oxaguiã
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