Não tão antiga como a milenar africana
Mas para as médias desse país
Ela é bem velha
Pois já ultrapassa trezentos anos.
Se conta que foram as mulheres nobres
Do povo Yoruba que fundaram o candomble.
Iya Naso Oka, da familia real de Oyo.
Otampe Ojaro, da família real de Ketu.
Nã Agotimé, da família real de Dahome
E a querida Iya Adebolu, da nobreza de Efon.
Muita coisa aconteceu
Muita luta se deu.
Até pouco tempo atrás
Ser do candomble era crime,
Coisa de preto considerada
Heresia, bruxaria.
Se a policia soubesse
Que alguém fazia candomble
Eles vinham a cavalo
Entravam na casa quebrando tudo
E batendo no povo.
Muito assentamento virou farelo
Sob as solas das botas dos policiais.
Muita Iyalorisa levou tapa na cara
Desses homens ruins.
Muito Ogan foi parar na cadeia
Por não deixar suas mais velhas
Apanharem da polícia.
Era uma correria só,
O povo ficava aflito mas não desistia.
Povo valente!
Atabaque? Quase nunca usava,
Nas casas mais afetadas
Se fazia o xire ao som da palmas
No máximo batia cabaça pra dar ritmo
Pois assim não chamava muita atenção.
Pra se defender
O povo negro decidiu usar camuflagem,
E fizeram dos terreiros
Pontos de pregação,
Diziam ser devotos de santo
E quando a polícia vinha
Eles rapidamente
Escondiam os assentamentos no mato,
Ajoelhavam diante das estátuas católicas
E diziam estar em oração,
Assim a polícia não podia apontar crime
E nem tinha porque quebrar nada
Nem humilhar ninguém.
Tempos muito difíceis
Mas ninguém arredou o pé.
O luta foi vencida
Quando foi firmada na constituição
A liberdade de religião.
Mas ainda hoje é necessário a resistência.
Eu não sou candomblecista
Mas um dia já fui
E foi ali que conheci os orixas,
Por isso essa singela homenagem
A esta linda religião.
Como eu fui ensinado a dizer antigamente: Awure!
0 Comentários