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QUEM É XANGÔ E QUAIS OS SEUS CAMINHOS ?


 Em vez em quando, há muitas dúvidos de irmãos sobre “Ayrá”, de “Aganjú” e de outras “qualidades” de Ṣàngó cultuadas no Candomblé (Brasil), lembrando que nós criamos uma interpretação sobre esta divindade e vamos falar sobre Ṣàngó e as 12 “qualidades” que cultuamos na diáspora.

Ṣàngó
é a Divindade iorubá que ocupa duas funções simultaneamente sendo um Irunmọlẹ‌ e Òrìṣà ao mesmo tempo, sendo como Irunmọlẹ‌ criador do raio como energia elétrica (lembrando que usufruído por outro Irunmọlẹ‌ criador das intempéries climáticas chamado Ategun Orun) , do trovão, do fogo vulcânico, a larva, vulcão, e como Òrìṣà representa a força, do poder e da realeza, a fala política, a beleza masculina, o trovão, fogo vulcânico, ou seja ele é o criador desses elementos e seu usufruidor também, por isso está em duas funcionalidades na criação.
Há uma confusão sobre a Divindade PRIMORDIAL Ṣàngó com o 3º Aláàfin Ọ‌yọ‌ (Rei de Oió) que é Tẹ‌là Òkò, que pelas características do seu nascimento é considerado uma reencarnação de Ṣàngó na Terra, mais precisamente em Ọ‌yọ‌.
Fala-se que Ṣàngó se torna Divindade aqui na Terra, depois da sua morte, ou seja, que é um ancestral divinizado, mas é um grande engano, que por falta de conhecimento local e histórico, replica-se em uma oralidade sem qualquer fundamento atropológico, pois neste ponto estamos envolvendo história com o sagrado.
Ṣàngó é uma Divindade primordial criada por Olódùmarè, assim como Èṣù, Ọbàtálá, Ọya, Ọ‌ṣun, Yemọja dentre outras, Tẹ‌là Òkò foi apenas uma reencarnação sua, um avatar, e ressalvo que esta afirmativa também é um apontamento local de um povo que decide isso, sobre os feitos deste indíviduo, sendo ele apontado pela divindade.
É necessário ressaltar e saber a diferença de Ṣàngó Divindade (Ayílẹ‌gbẹ‌ Ọ‌run), para Ṣàngó Rei de Ọ‌yọ‌ (Tẹ‌là Òkò).
Pierre Verger, em seu livro: Orixás, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo, declara:
“Na Bahia, diz-se que existem doze Xangôs: Dadá; Oba Afonjá; Obalubé; Ogodô; Oba Kossô; Jakutá; Aganju; Baru; Oranian; Airá Intilé; Airá Igbonam e Airá Adjaosi.
Reina uma certa confusão nesta lista, pois Dadá é irmão de Xangô; Oraniam é seu pai, e Aganju (filho de Dadá), um de seus sucessores.
Também na Bahia acredita-se que Ogodô é originário de território tapá, e que segura dois “oxés” quando dança, sendo o seu ẹdùn àrá composto de dois gumes.
Os Airá seriam Xangôs muito velhos, sempre vestidos de branco e usando contas azuis (sẹ‌gi) em lugar de corais vermelhos, como os outros Xangôs. Ao que parece, teriam vindo da região de Savé.”
É importante dizer que, quando o culto aos Òrìṣà chegou aqui, o culto de muitas Divindades foram perdidos, e o de algumas foi miscigenado ou aglutinado ao culto de outras, como aconteceu no caso de Ṣàngó.
*1º Dadá:*
Dàda é o nome iorubá dado às crianças que nascem com os cabelos encaracolados e que geralmente são consagrados ao Òrìṣà Baáyànnì (irmão do Òrìṣà Ṣàngó).
Quando se fala de Dàda como irmão de Ṣàngó, está se falando de Dàda Àjàká, irmão de Tẹ‌là Òkò, que foi o 2º Aláàfin Ọ‌yọ‌. Dàda Àjàká não é um Òrìṣà, uma Divindade, foi apenas um rei, um ancestral. Possui culto, mas não é consagração em pessoas. Diferente de Baáyànnì, que é irmão de Ṣàngó (Divindade) e também era a Divindade tutelar de Àjàká, por este ser Dàda (nascido com cabelos enrolados). Consagra-se pessoas para Baáyànnì e não para Dàda Àjàká. Que assim como Odùduwà, Ọ‌rànmíyàn e Aganjú em Ọ‌yọ‌, cidade de origem dos mesmos, são considerados apenas reis míticos e “cultuados” por sua importância, mas não são considerados Òrìṣà que são consagrados em pessoas.
*2º Oba Afonjá:*
Confundem muito Àfọ‌njá, o Kakanfò de Ìlọrin (que era muçulmano), com Àfọ‌njá título de Ṣàngó, Àfọ‌njá é um título da Divindade Ṣàngó, encontrado em alguns dos seus oríkìs.
*3º Obalubé:*
Ọbalúbẹ é também um título de Ṣàngó, encontrado em alguns dos seus oríkìs.
*4º Ogodô:*
No Brasil fala-se que Ogodo é de origem Tapá, mas não se sabe ao certo se é uma Divindade, um Ancestral divinizado, se foi rei ou não e o que fez o mesmo ter o seu culto aglutinado ao de Ṣàngó no Brasil. Mas, confesso que AINDA (possa ser que exista) não vi e nem escutei nada sobre Ogodo de Nigerianos, muito menos relacionado a Ṣàngó.
*5º Oba Kossô:*
Ọba Kòso, literalmente rei de Kòso, é também um título de Ṣàngó, encontrado em alguns de seus oríkìs.
*6º Jakutá:*
Jàkúta é também um título de Ṣàngó, significando aquele que combate com pedras (de raio), encontrado em alguns de seus oríkìs
*7º Aganju:*
Aganjú Ṣọlá é irmão de Tẹ‌là Òkò (Ṣàngó), foi o 4º Aláàfin Ọ‌yọ‌. No Brasil fala-se que Aganjú é seu sobrinho, mas em Ọ‌yọ‌ ele é seu irmão mais novo. E sua situação é a mesma de Dàda Àjàká, por ter sido um importante rei para Ọ‌yọ‌, o mesmo é lembrado e cultuado através de seus símbolos, como espadas e etc. Mas não é um Òrìṣà, uma Divindade que seja consagrada em pessoas. Porém, nas religiões afro-brasileiras como o Candomblé e o Batuque e afro-cubana como a Santeria, o mesmo possui muitos filhos, e isso faz com que muitos estrangeiros vão até a Nigéria em busca de consagrações a esta Divindade e nigerianos sem escrúpulos acabam por realizar estas consagrações, apenas visando ganho financeiro.
*8º Baru:*
Muito se fala sobre Baru/Gbaru/Igbaru no Brasil, muitos chegam a dizer que é uma Divindade distinta de Ṣàngó, assim como já escutei quem fale que é um título de Ṣàngó dentro do templo de Ọbàtálá em Ifọ‌n. Historicamente Baru foi um general leal a Dadá que foi um dos que deupseram Tẹ‌là Òkò , restabelecendo o trono ao irmão mais velho, ou seja a Dadá
*9º Ọ‌rànmíyàn:*
Ọ‌rànmíyàn, filho de Odùduwà, pai de Dàda Àjàká, Tẹ‌là Òkò e Aganjú Ṣọlá, foi o 1º Aláàfin Ọ‌yọ‌, patriarca da dinastia Aláàfin, grande rei, ancestral de grande importância para o povo iorubá (de Ọ‌yọ‌) e por isso cultuado como tal, mas não é um Òrìṣà que se consagra em pessoas, pelo menos em Ọ‌yọ‌, cidade de origem do mesmo.
*10º Airá:*
Como já dito por Pierre Verger: “… Ao que parece, teriam vindo da região de Savé…”. E confirmado por outros autores iorubás, na verdade Airá cultuado no Brasil seria a Divindade Àrá, Divindade dos raios e trovões, cultuado em Ṣábẹ‌, também o redemoinho, e uma montanha em Savé chamada Aragbonã - não há nenhuma ligação direta com os Alafins.
Fato que há confusão existe em relação a Airá/Ayra (cultuado somente no Brasil), que acredita-se que seja a Divindade Àrá de Ṣábẹ‌, com Àrìrà, título de Ṣàngó, encontrado em alguns de seus oríkìs.
*10º “Intile”:*
seria segundo alguns, o antigo nome de Ìtàsá, cidade qual Àrá era patrono.
*11º “Igbonam”:*
do iorubá Ìgbóná = calor, febre, título dado às divindades ligadas ao fogo, e por ser Àrá uma divindade do raio, mais um epiteto que esteja também associado ao fogo…
*12º “Adjaosi”:
* Não há quelquer referência na Nigéria sobre este nome, podendo ser mais uma aliteração a divindade Ará.
Àbó‌rú Oboye Obòṣìṣẹ‌
Aul àṣẹ
Àṣẹ irẹ
Olorun bukun fun yin
Beba sua água
Lava suas guias
Veste seu branco
E vem na luta
✏️@orisasile
📚 History of the Yorubas, Johnson
📚 Ìgbàgbọ‌ àti ẹ‌sìn Yorùba , C. L. Adeoye
📚 Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World, William Russell Bascom
📚 Afro-Caribbean Religions : an Introduction to Their Historical, Cultural, and Sacred Traditions, Nathaniel Samuel Murrell
📚 Bàbá Hérick Lechinski (Ejòtọ‌lá) pesquisador
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