Tião foi um homem forte e firme em suas atitudes. Começou sua trajetória espiritual na umbanda dentro do Templo Nana Buruquê, que se situava a rua Getúlio no bairro do Cachambi na cidade do Rio de Janeiro. Após algum tempo transferiu-se para o bairro do Irajá, à Avenida Automóvel Clube (n°. 2736). Tião do Irajá ou Tião de Exu Mangueira como era conhecido dentro do candomblé, nasceu a vinte de janeiro de 1937 sob o nome de Sebastião Francisco dos Santos. Para falarmos dele temos que primeiramente elevar nossos pensamentos à lembrança de seus guias: Caboclo Sete Flechas, Seu Junco Verde, Exu Mangueira, Tranca Rua, Pai José de Angola, e, principalmente o pai Omolú "Eji Gueran", o grande pai de todos que lá deitaram suas cabeças. Aos doze anos, Tião do Irajá começou dentro da umbanda, e aos vinte e dois anos, por ordem de seus guias iniciou-se no candomblé através das mãos da ilustre Mãe Regina do Axé de Bangbosé. Mãe Regina Bangbosé como é conhecida, Com ela iniciou sua jornada no candomblé, até que "recebeu sua cuia" " e logo em seguida colocou seu primeiro "barco de iaôs": Iza de Oxumare, Tiãozinho de Omolú, e, Dalva de Iansã. Ao longo de sua vida construiu várias amizades com personalidades respeitadas no candomblé, tais como Mãe Irene Bangbosé, Mãe Olga de Alaketu, Mãe Beata de lemanjá, Yá Nitinha de Oxum, Pai Paulo da Pavuna, Bambala, Pai Djalma,Pai Joãozinho da Gomeia entre muitos outros. A partir de então, muitos barcos de iaôs foram colocados, num total de noventa e cinco, incluindo ainda ogans e ekedis que vivenciaram as histórias e lendas deste homem marcante em suas atitudes e desbravador em seus atos. Estas suas características assinalaram seu nome nos altos do candomblé, com todos os erros e acertos que cabem aos homens destemidos. A morte do conhecido João da Gomeia, amigo de Tião do Irajá, repercutiu grandemente dentro do candomblé do Rio de Janeiro e Bahia. O Tião Irajá foi quem junto seus filhos de santo e Ogans elucidou o "jogo de morte!" do seu amigo. Joãozinho da Gomeia era o responsável por todo o axé e deixou vago o disputadíssimo trono da Gomeia, que foi ocupado na época pela jovem menina Seci Caxi. Tião do rajá tinha consciência que seu tempo na terra era curto e corria contra ele para que pudesse fazer tudo que planejou e almejou. Entre tantos desejos, um de seus sonhos mais vívidos era o de colocar em um mesmo barco de iaô, sete Omolús, mesmo sabendo o perigo que isso representaria. Contudo, ele nunca desistiu de suas idéias, e mesmo conhecedor que este fato colocaria a vida de três pessoas em risco, acontecimento esse previsto em seu jogo de búzios para o ano de 1973, Tião do rajá não hesitou em tornar o sonho realidade, e iniciou os preparativos para a saída do barco com sete Omolús: Miriam, Geralda, Altiva, Maria Lúcia, Eurídice, Iracy, e, Jurema. Logo após o término do jogo do ano, o Caboclo Sete Flechas de Tião do rajá manifestou-se, a fim de realizar uma cirurgia espiritual nos olhos do pai carnal de Tião. Com o término da cirurgia, o Caboclo começou a confortar os filhos do axé e enquanto isso acontecia duas lágrimas rolaram de seus olhos, tal fato deixou os presentes em pânico. Na sexta-feira de carnaval, em 1973, quando fazia o ebó de exu, o Exu Mangueira incorporou-o no terreiro deixando ordem para que ele não saísse à rua. Porém, conter a impulsividade, o entusiasmo pela vida e pelas coisas boas, era quase impossível, e mesmo com todas as tentativas das pessoas presentes no terreiro, não foi possível detê-lo. Assim, na noite de segunda-feira de carnaval, a cinco de março de 1973, ao voltar da churrascaria costa do sol, no bairro do Alto da Boa Vista, após uma colisão de carro morre Tião do Irajá deixando vinte e um iaôs de quelê, porque ao contrário do que todos imaginam, o barco com os setes Omolús não foi o último, mas sim, a sua última filha de santo foi a Senhora Ivone de lemanjá. Sua morte causou muita comoção e transtorno, e seu enterro levou cerca de três mil pessoas ao cemitério de Inhaúma, transformando-se em notícia nos jornais que circulavam na época por uma semana. Entretanto, a morte no caso de Tião do rajá não significou o fim de uma vida, mas sim o início de muitas histórias e lendas que nascem a partir dela. Mãe Regina de bangbosé foi chamada imediatamente para que fizesse o jogo de morte, e desse início aos preceitos de iku, o qual contou com a ajuda de seus filhos de santo e Ogã Luis Bangbala.
Texto Retirado do Livreto “ Tião do Irajá : Saudades e Lembranças “ Escrito pelo seu Filho Carnal Babalorixá Júnior de Omolú
Na Foto acima Pai Tião do Iraja com Mãe Olga do Alaketu
Na Foto acima Pai Tião do Iraja com a Herdeira Da Gomeia Seci Caxi
As fotos e livretos relacionados a pai Tião se encontra no Memorial Tião do Irajá, localizado no Ilê Ase Osum Jokô Omi, Ase Bangbose liderado pelo Babalorixá Júnior de Omolú, seu herdeiro e filho carnal.
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