Ao entrar no ar pela primeira vez na transmissão de CRB x Botafogo-PB, ontem (21), pela Copa do Nordeste, a repórter Charlene Araújo chamou atenção. Enquanto passava informações como de costume, a jornalista estava de turbante e quelê, um colar de búzios. As vestimentas têm a ver com sua religião. Charlene é praticante do candomblé há aproximadamente dois anos e passou por sua iniciação há pouco tempo, tornando-se uma Iaô, ou seja, uma filha de santo que passará os próximos sete anos aprendendo rezas, cantigas e preceitos da religião.
Segundo Charlene, ela está no período de preceito, em que precisa utilizar os símbolos de proteção (turbante e quelê) entre outros acessórios que não são visíveis. Ele dura em média três meses. "No início, eu estava insegura em ter que trabalhar desse jeito. Mas, depois pensei: 'Como as pessoas vão deixar de ter preconceito com a minha religião se eu tiver receio de mostrar quem sou?'. É uma religião como outra qualquer, e as pessoas precisam se acostumar a ver isso de forma natural", disse ao UOL Esporte.
Charlene é filha de Cícero Lopes de Araújo, o Castanha, que atuou como massagista do CSA durante a década de 70 e se tornou figura marcante da torcida azulina durante as partidas. Entre um dos fatos que marcaram a vida do pai de Charlene está um que aconteceu no dia 8 de abril de 1976, no clássico entre CSA e CRB. Na partida, depois de 40 minutos da etapa complementar, Castanha entrou em campo e chutou a bola que estava prestes a atravessar a linha do gol azulino, iniciando uma confusão generalizada. A paixão que nasceu com a convivência com o trabalho do pai durante tantos anos a fez se tornar repórter esportiva em Alagoas com passagens por grandes emissoras, como o Esporte Interativo. Atualmente Charlene trabalha no Cerimonial do Governo de Alagoas e como repórter de campo do Nordeste FC, emissora que transmite a Copa do Nordeste e está disponível para assinantes do UOL Esporte Clube.
Fonte Uol Esportes 22.03.2021.
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