A maioria dos praticantes consideram a umbanda uma religião cristã e, de alguma forma, ela é. Porém, precisamos refletir na origem mais popular e conhecida da religião. A umbanda é genuinamente brasileira e com matrizes indígenas, africanas e cristã. A última, por sua vez, é decorrente do processo de imposição colonial, onde os portugueses eurocristãos nos obrigaram a conversão da religiosidade deles. Não foi por livre escolha, por considerarem que toda a fé, mitologia e tradição milenar indígena e africana eram coisas do diabo.
Nesse sentido, a Umbanda gerou o chamado sincretismo, ou seja, a associação dos orixás aos santos católicos. É importante entendermos que os santos católicos não são nossos orixás e que a religião possui uma base reencarnacionista, nós acreditamos na existência do espírito após a morte. Ele pode voltar a renascer em outro corpo, como também pode voltar para se comunicar, é o caso das entidades de Umbanda.
Uma visão religiosa que não acredita em reencarnação, como é o caso da religião cristã, não contemplaria o principio básico da Umbanda, uma vez que nós falamos, o tempo inteiro, com entidades que foram espíritos na terra.
É importante descolonizar o pensamento brasileiro e refletir sobre essa insistência em manter a Umbanda cristã, uma vez que, sabemos que muitas casas mantém isso por falta de aprofundamento no estudo da religião e também por manter o racismo religioso, altares com imagens de santos brancos, sem coragem de referenciar imagens de santos com peles negras e indignas, como é o caso das principais matrizes de caboclos e de pretos velhos, que são as entidades que guiam, salvam e transformam a vida de tantas pessoas dentro da religião. Saravá, Umbanda.
0 Comentários