No início, o mundo ainda estava sendo organizado, e Orúnmilà visitava a Terra para avaliar o progresso. Orisàs, humanos e até animais o cercavam com dúvidas, pois ainda não havia sido definido onde cada um viveria e qual seria seu papel. Esù, sempre sagaz, sugeriu que Orúnmilà fizesse perguntas simples a cada ser, deixando que suas respostas determinassem seus destinos.
A primeira foi a galinha-d’angola: “Você aceitaria usar uma corda no pescoço?” Ela recusou, assim como muitos outros, e por isso permaneceram livres. Mas quando Orúnmilà fez a mesma pergunta à cabra, ela respondeu com arrogância: “Você acha que pode me obrigar?” Imediatamente, a cabra passou a usar uma corda, assim como a ovelha e o carneiro. O cavalo, ao ser questionado se aceitaria carregar cargas, também respondeu com desdém. Como consequência, surgiram um homem sobre suas costas e um freio em sua boca.
Cada um, conforme sua resposta, definia seu destino. Quando Orúnmilà encontrou o homem, perguntou: “Você prefere viver dentro ou fora de casa?” O homem escolheu o interior e assim foi determinado. Então, Orúnmilà virou-se para Esù: “E você, prefere dentro ou fora?” Distraído, Esù respondeu apressadamente: “Do lado de fora!” Logo percebeu seu erro e tentou corrigir: “Não, do lado de dentro!” Mas Orúnmilà concluiu: “Você mesmo propôs respostas diretas, então sua primeira palavra será lei. Daqui em diante, você viverá do lado de fora.”
Fonte: Mitos Yorubás - O outro Lado Do Conhecimento- José Beniste
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