Breaking News

As Águas de Osalá

Um tema tão complexo quanto misterioso, minha idéia é sintetizar um mínimo entendimento sobre um dos Orôs mais respeitados e tradicionais nas casas de candomblé Ketu/Nagô, o ritual das “Águas de Oxalá”.
Esse ritual anual de purificação, renovação, pode ser considerado um “rito de passagem”, o fim e o começo, um novo ciclo, reverencia a presença da água, fonte primordial da vida, que se apresenta em todos os rituais da Religião dos Orisá. A Água é enobrecida na abertura do calendário, com os ritos de Orisa nlá, como procedência de Orí no Ayê – Iyá Omí Olorí – mãe de Orí, uma antiga divindade das águas, a deusa que se assenta na fonte de origem, simbolicamente, um banco, cadeira de espelho no umbigo do mar, no seio das águas, lugar simbólico da transformação Mãe Ancestral ,
Oxalá representa a pureza, Obatalá, O rei do Imaculado ou O rei do Branco, não existirá outra cor durante a liturgia das Águas se não, o “Branco,” dentro do terreiro e a todos que lá chegarem, a retidão e o silêncio tomarão conta do Asé, tudo deverá estar limpo, a preocupação com as roupas que deverão estar alvas, engomadas e perfeitas. Do portão de entrada do terreiro até a porta do barracão e demais dependências, será estendido sobre nossas cabeças uma peça ou mais de morim branco, cobrindo como um teto os Orí de todos. Na maioria das casas, o ritual começa na madrugada da sexta-feira com a confecção do baluwê (pequena cabana feita com bambús e de folhagens de coqueiros, pitombas, etc) o ajubó do Osalá mais velho será posicionado sobre uma enorme bacia, outros assentamentos de Oxalá podem ficar ao lado acompanhando o velho Orixá, permanecerão até as águas quando então Oxalufan volta para sua casa. Começará então a procissão de ir no rio ou na fonte pegar água fresca, cada um com seu pote, jarro ou quartinha sobre seus Orí para depois levarem até a cabana de Osalá e lá a Iyalorisá ou Babalorisá estará esperando todos e em ordem hierárquica, receberá as quartinhas com água e lavará o Orí de cada um, colocando um Obí no Orí cobrindo-o com um ojá. Esse ritual é feito em todos que se encontrarem na casa, abians, iniciados e visitantes, sem excessão, o Orí se renova. Retorna-se ao rio ou fonte mais algumas vêzes dando seguimento ao osé de Oxalá.
O ritual em algumas casas mais tradicionais é feito em quatro momentos e seguida de três domingos subsequentes com festas e grande orô. Os domingos de festa cumprem uma etapa fundamental das obrigações, o ciclo se realiza ao se reviverem durante os 16 dias o caminho mitológico do Orixá nos três domingos e tudo começa na saudação a Orixan’lá bem cedo em em frente ao seu Ojubó na cabana, todos prostados com o Orí sobre os punhos em formato de pilão, rezando e saudando o Orí ( Orí Aperê o).
Oduduwá (ancestralidade- A Terra).
O caminho do Orisá, a paz silenciosa toma conta de tudo, as roupas alvas, a alimentação sem sal . o ajeum funfun estará presente. O ciclo se fechará num orô somente com Orisá funfun em roda e os omo orisá da casa no toque tradicional do batá em celebração a Oduduwa ao mais antigo Orisá funfun.
Osalufan (ancestralidade- O Alá).
O grande Osalufan descansará e as Iyá arrumarão seu ajubó entoando cantigas em tom baixo em respeito e devoção. Mais tarde na festa, o sirê se repetirá em roda, muito Ebô, o rítmo Igbí, Babá Daribô com seu Opasorô nos brindará dançando ao som de cantigas toda sua odisséia.
Osaguian (Ancestralidade- O Pilão).
Orisagiyan é o Elemoasó funfun, cantigas mais aceleradas e a dança do Guerreiro do universo, do Pai Senhor da Guerra à Paz. Aparecem as contas com segí, símbolo que o dignifica como único Orisá funfun Ajagunan. A raiz de inhame é o elemento que se apresenta da cozinha direto para o barracão, como prato do preceito, em bolas de inhame pilado, alimento de expansão do Asé, o simbolismo da Tradição dos Orisá. . Cantigas lembraram os ritos do atorí e vários atori são distribuidos pela Iyalorisá ou Babalorisá que dá início tocando em Osaguian e depois vão tocando uns aos outros na roda de forma hierárquica em que do mais velho Osalá ao mais novo iniciado da casa participam até que todos tenham sido tocados por Osaguian. O ciclo e todas as festividades das Águas de Osalá, de renovação da existência e expansão do Asé será encerrado formando novamente a roda e fazer o encerramento com a cantiga em reverencia Olodumare.

Fonte Babalorisá Alex Ti Ossaiyn

 

Postar um comentário

0 Comentários