Este é um dos princípios que me norteiam, não permitir que Ifá se torne uma religião de elite, de privilegiados financeiros. Ifá é originalmente uma religião de negros e o colonialismo fez desses negros pessoas pobres.
A mim me choca saber que há casas cobrando valores exorbitantes para Iniciação de awofakan e apetebi num momento econômico adverso como este que estamos passando no mundo e em nosso país.
Eu tenho 50 anos de idade e acabei de adquirir meu primeiro imóvel que será futuramente a casa de Orula e Oxum. Sou um homem simples de pouca ou nenhuma ostentação. Tenho um Triciclo, pois sou motociclista a vida inteira e gosto da cultura. Não tenho carro, roupas caras e nem minha mulher usa jóias e vive em salão de beleza. Sou aposentado por invalidez por conta de uma miocardiopatia dilatada e vivo do que recebo. Não vivo de Ifá, mas para Ifá, como bom servo de Orula que sou.
Aprendi com meu padrinho que o valor a ser cobrado por tudo que é feito deve ser o valor justo. Oshe Meyi ensina que o opele não pode cair sem a justa remuneração e Irete Yero diz que o Babalawo que desperdiça o dinheiro do ebó perde o seu axé.
Dito isto, quero dizer que minha prioridade é sempre ajudar ao máximo para que pessoas negras, simples humildes possam ter acesso a essa religião maravilhosa.
Nada contra quem tem suas casas bonitas, cobram os valores que lhes convém e encontram quem paga. Cada um com seu cada qual e com sua própria missão religiosa.
Eu entendo que a minha é essa então, ashè tò iban Eshu!
Iboruboya Ibosheshe
Babalawo Marcio Obeate Ifairawo
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