Semana passada, uma notícia estarrecedora foi veiculada, no qual um pastor gravou e postou um vídeo onde aparece destruindo oferendas. Utilizando de uma pedra, quebra peças sagradas, alegando que, ao destruir aqueles itens, estaria desfazendo uma "maldição". A benesse havia sido posto em oferta para Maria Mulambo, pelo Babalorixá Natã de Oxaguiã, na manhã do domingo (dia 7), em uma área descampada, no alto de uma colina, no bairro de Shangrilá, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Do Candomblé, o dirigente do Ilê Àsé Babá Min Okan Fun Fun, registrou ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no dia 10. E agora é surpreendido com outra ofensa.
Não satisfeito com o vilipêndio, Gledson Lima, pastor da Igreja Tenda dos Milagres, que fica na Rua do Sossego, começou a fazer uma “Campanha”, divulgando através de um flyer, em um claro entendimento de disseminação à intolerância religiosa.
O Pastor postou um chamado com os seguintes dizeres: Culto de Libertação, terças-feiras, às 19h - CAMPANHA QUEBRA DE MALDIÇÃO (1 joão 3-8).
Segundo a Bíblia Sagrada, a referência ao: 1 João 3:8 – Diz que: Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.
O candomblecista rememora o caso e acredita que a impunidade dá garantias para que o pastor continue provocando intolerância religiosa e utilizando de versículos bíblicos.
“Será que usando essas palavras de um texto, dá o direito de destruir o sagrado de outro povo?", questiona Natã.
Na 1º provocação, em vídeo, Gledson fala com veemência: "Quebra de maldição. Estamos aqui quebrando em nome de Jesus aquilo que foi feito aqui. Quebrando aqui, como essa pedra está quebrando, assim é a palavra de Deus. Quebrando toda a maldição hereditária na sua vida. Amém? Em nome de Jesus, está sendo tudo quebrado. À glória e à honra do Senhor", disse na gravação.
“Deus não é propriedade de nenhum povo! Eu cultuo Deus de outra maneira, eu tenho que ter liberdade pra isso, sem ser agredido verbalmente ou fisicamente. Se pastores “equivocados” conseguem levar isso como se fosse um ato de Deus, o que será dos povos de matrizes africanas? Como o Estado permite essa impunidade?”, completa o religioso de matriz africana.
Segundo o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, é preciso punir os intolerantes - “Quando a falta de respeito ultrapassa o discernimento de um líder religioso, é uma prova cabal que essa pessoa não pode ficar em impune”. O Babalawô é interlocutor da CCIR – Comissão de Combate à Intolerância Religiosa e vem há anos denunciando casos de inflexibilidade de credos.
Resta saber até quando as religiões de matriz africana sofrerão com a impunidade e terão o direito de proferir sua fé em paz.
Rozangela Silva
Assessoria de Imprensa - CEAP- RJ /CCIR- RJ
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