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112 anos Umbanda!


 Você sabe a importância do arquétipo de caboclo dentro da Umbanda ?

Venha descobri conosco.
O arquétipo dos caboclos na Umbanda educa os espíritos em evolução e lhes ensina que eles são capazes, que devem ter força suficiente, como se fossem flecha certeira, para suportar as vicissitudes e desafios da vida.
Com a força dos caboclos, o médium aprende a suportar resignadamente os ataques em decorrência de seu trabalho mediúnico na caridade, impregnando em sua estrutura interna a capacidade de relacionar-se com os diversos episódios da vida, sem desesperar-se.
Ao vivenciar o "transe" com o caboclo, o médium é ensinado a ter disciplina, o respeito à hierarquia, a valorizar a liberdade de expressão, conhecendo seu próprio poder de realização pessoal.
Fonte : Lucca Schaittzer
Na foto a médium Zilmeia Moraes manifestada com o Caboclo Branca Lua.
Zilmeia era Filha carnal de Zélio Fernandino de Moraes ela foi uma das sucessoras dele após o seu desencarne.
112 anos da Umbanda não podemos deixar de lembrar dessa figura que contribuiu é muito para a ascensão da Umbanda no Brasil.
Caboclo Mirim juntamente com o seu médium Benjamin Figueiredo.
Desta forma entendemos porque, em 12 de março de 1920, outro jovem médium viria a ser o veículo de mais um iluminado Mestre, que também se utilizando da roupagem fluídica de um índio brasileiro, veio ratificar a mensagem de humildade e caridade da Umbanda.
Vinha ensinar a prática da mediunidade em sintonia e respeito à natureza e ao livre-arbítrio do praticante, na plenitude da “Escola da Vida”.
Assim, o Caboclo Mirim se manifestava pela primeira vez naquele que seria seu companheiro de uma vida:
Benjamin Gonçalves Figueiredo .
(26/12/1902 – 03/12/1986).
Benjamin Gonçalves Figueiredo, então com dezessete anos, participava com sua família de sessões espíritas (kardecistas) até que, em março de 1920, em uma dessas reuniões, o Caboclo Mirim incorporou no jovem médium e anunciou que aquela seria a última sessão de Kardec realizada por aquela família e que as próximas passariam a ser de Umbanda, religião apresentada apenas há pouco mais de dez anos.
A partir de então, toda a família Figueiredo viu-se envolvida na formação daquele que seria um dos mais importantes núcleos Umbandistas do Brasil.
Aos 13 dias do mês de março do ano de 1924 considerou-se fundada a Tenda Espírita Mirim. Desde o início o Caboclo Mirim advertiu que aquela seria uma organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação.
De fato, o ritual da Tenda Mirim sempre se destacou no meio Umbandista por trazer influencias de correntes filosóficas que vão desde o Ocultismo e a Teosofia ao Espiritismo de Kardec. O Caboclo Mirim aboliu do seu culto diversos elementos que estavam intimamente ligados à noção de que se tinha das “macumbas” e feitiçarias reinantes naqueles tempos, bem como alguns outros também relacionados ao culto católico e à cultura africana, em especial.
Ainda como parte da ruptura com outras religiões, nos terreiros orientados pelo Caboclo Mirim não se encontravam altares com as imagens católicas, apenas a de Jesus Cristo situado acima da altura da cabeça dos médiuns, onde se lia a inscrição “O Médium Supremo”.
Os atabaques foram trocados por enormes tambores (tocados sentados), toalhas de guarda e as vestes rendadas coloridas, típicas da Bahia, deram lugar aos brancos uniformes e calçados, sempre sóbrios, como a lembrar a seus médiuns que todos eram apenas operários da fé, ou melhor, “Soldados de Oxalá”, como na letra de um belo hino da Tenda Mirim. Nenhum ornamento, nem guias, colares ou qualquer tipo de ostentação pessoal era aceita. Antes da abertura dos trabalhos, era até difícil ao visitante reconhecer os dirigentes dentre os demais médiuns da Casa.
Foi um primeiro passo em busca de uma identidade própria para a Umbanda, buscando-se dignificar o culto e seus participantes, tendo como base a organização e a disciplina do conjunto do corpo mediúnico da casa umbandista.
Percebe-se ainda a nítida influência do movimento positivista daqueles tempos, através de certa rigidez hierárquica e disciplinar no terreiro, o que, aliás, atraiu muitos médiuns militares para as fileiras das casas sob a orientação de Benjamin Gonçalves Figueiredo.
O Caboclo Mirim introduziu também o conceito de graduação aos seus médiuns em desenvolvimento, com uma classificação própria para cada um nos trabalhos de atendimento público. Foi, talvez, a primeira Escola de Formação Iniciática Umbandista!
O novo adepto da religião iniciava seu desenvolvimento mediúnico na base da pirâmide hierárquica do terreiro, e ia ascendendo nela conforme em seu próprio ritmo, levando-se em conta a seriedade e a dedicação do neófito, e sempre de acordo com a intensidade e a qualidade com que seus próprios Guias trabalhavam junto ao médium.
Com isso, durante o seu desenvolvimento, o médium exercitaria várias funções dentro dos trabalhos de caridade. A nomenclatura dos sete graus foi baseada na terminologia da língua Nheêngatú, da antiga raça dos índios Tupi.
Assim ficaram classificados:
– 1º Grau: Bojámirins – Entidades dos médiuns Iniciantes (I)
– 2º Grau: Bojás – Entidades dos médiuns de Banco (B)
– 3º Grau: Bojáguassús – Entidades dos médiuns de Terreiro (T)
– 4º Grau: Abarémirins – Entidades dos Sub-Chefes de Terreiros (SCT)
– 5º Grau: Abarés – Entidades dos Chefes de Terreiros (CT)
– 6º Grau: Abaréguassús – Entidades dos Sub Comandantes Chefes de Terreiros (SCCT)
– 7º Grau: Morubixabas – Entidades dos Comandantes Chefes de Terreiros (CCT)
A liturgia aplicada nos terreiros também introduzia novos conceitos à fé umbandista. O Caboclo Mirim sintetizou o tradicional panteão africano em algumas linhas de trabalho sob a égide de Tupã, o Senhor da criação na cultura Tupi-Guarani.
Os Orixás evocados nos trabalhos da Tenda Mirim eram: Oxalá, Oxossi (e Jurema), Ogum, Iemanjá, Oxum, Nanã, Iansã e Xangô. Sempre se evitando o sincretismo com os santos católicos, principalmente nas curimbas cantadas.
As manifestações mediúnicas davam-se sempre através dos Caboclos, Preto-Velhos e as Ibeijadas (crianças), e não havia sequer uma saudação aos Exus e Pomba-Giras, muito menos uma Gira ou sessão própria para o trabalho destes. Certamente uma atitude que visava ratificar a ruptura da Umbanda com as populares “macumbas”.
Para muitos, Benjamin Figueiredo parecia ignorar completamente a existência do “Povo da Rua”, bem como a extensão e a importância dos trabalhos próprios dessa linha. Benjamin parecia ignorar, perante os olhares menos atentos. Realmente, nos tempos de Benjamin Figueiredo, as casas ligadas à Tenda Mirim não faziam Giras próprias de Exu e Pomba-Gira. Mas sua participação sempre foi fundamental na corrente astral da Casa.
Com um olhar mais apurado observava-se a presença do “Povo da Rua” auxiliando desde o desenvolvimento dos médiuns iniciantes bem como trabalhando pesado no descarrego de médiuns e consulentes. Mas sempre de uma forma extremamente discreta, fosse junto aos Caboclos e Preto-Velhos, fosse junto à parte do corpo mediúnico denominados “médiuns de banco”.
Essa categoria de médiuns tinha como principal característica operar sempre sentado e de forma receptiva (ou passiva), em contraponto aos médiuns de terreiro incorporados com seus Caboclos, que ministravam o passe no consulente, de forma ativa. Os médiuns de banco se doavam fornecendo ectoplasma e também auxiliando na dispersão de energias maléficas e/ou miasmas, bem como na condução de almas sofredoras ou espíritos trevosos (“exunizados”).
Este era o trabalho fundamental das sessões de caridade sob a orientação do Caboclo Mirim. Daí percebe-se que só com a segurança dos sempre alertas Exus e Pomba-Giras, em total sintonia e cooperação com as demais entidades presentes, se alcançava o pleno êxito em cada sessão.
Além das sessões de caridade, outro evento importante sob a direção do Caboclo Mirim eram as magníficas Giras mensais. Em seu enorme terreiro (20 x 50 metros), inaugurado em 1942, cerca de dois mil médiuns da Tenda Mirim, suas filiais e casas coirmãs, confraternizavam com seus Caboclos e Preto-Velhos em uma só poderosa vibração de amor aos Orixás e à Umbanda.
A partir dos anos 50, com um trabalho já bem consolidado na sua matriz no Rio de Janeiro, o Caboclo Mirim responsabilizou vários médiuns a levar as Tendas de Umbanda ao longo de todo território nacional.
A primeira casa descendente da Tenda Mirim foi criada em 30/06/1951, como filial, em Queimados, cidade de Nova Iguaçu. Depois desta, novas casas foram abertas em Austin, Realengo, Colégio, Jacarepaguá, Itaboraí e Petrópolis.
A primeira casa descendente do Caboclo Mirim, aberta fora do Rio de Janeiro foi na cidade de Assai, no Paraná.
Até 1970, já tinham sido abertas 32 casas sob a orientação de Caboclo Mirim.
O dia 15 de novembro, já considerado pelos adeptos como a data do surgimento da Umbanda, foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644 e em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a Umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais, por meio de decreto.
Em 15 de novembro de 1908, um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais, prestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho que a família chamou de "ataques". O jovem tinha a postura de um velho dizendo coisas incompreensíveis, em outros momentos se comportava como um felino. Após ter sido examinado por um médico, este aconselhou a família a levá-lo a um padre, mas Zélio foi levado a um centro espírita. Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza.
Incorporou um espírito, se levantou durante a sessão e foi até o jardim para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravos e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou conta de Zélio e disse:
“ Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor? ”
Ao ser indagado por um médium ele respondeu:
“ Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro. ”
A respeito de sua missão, assim anunciou:
“ Se julgam atrasados esses espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminho fechado para mim.
FOTO: ACERVO TENSP
Zélio Fernandino de Moraes em reunião na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade

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