Para abordar sobre Osún não é fácil, não da forma correta que ela deve ser revelada porque vão odiar, mas não tem problema, para existir o amor deve existir o ódio.
Por mais que algumas pessoas venham criticar, a verdade sobre Osún deve ser passada, pois muitos tem uma imagem dessa Òrìsà sendo meiga e apenas vaidosa com a sua aparência e não é bem assim que a banda toca quando se fala na VERDADEIRA OSÚN.
O continente africano têm seus mistérios vindos de itans de cada um dos Òrìsàs no entanto, muitas informações sobre eles foram passadas de forma fantástica e devemos ter em mente que eles existiram aqui no Àiyé como semi-deuses, como também somos.
Vamos a Osún
Ela não é vaidosa com a sua aparência à toa. Essa vaidade de Osún tem um significado:
Atrair os seus inimigos através da sua beleza. Ela usa da sua sensualidade e de sua aparência para conseguir o que quer.
Osún tem o dom da persuasão tão grande que ela é capaz de convencer qualquer pessoa que o vento é visível, que água tem gosto e que o ouro não tem valor. Sim, pode soar exagero escrever isso, mas acreditem, ela é capaz disso e de muito mais.
Essa Òrìsà é tão perigosa quanto Ògún furioso ou Oyá com sua pele de búfalo. Osún é uma Òrìsà que faz o Òrun virar inferno e o inferno virar Òrun apenas com uma simples palavra. Ela chega com sua presença deslumbrante e austera, o olhar inocente, mas malicioso e um leve sorriso no rosto e joga a teia das suas palavras para criar o seu espetáculo de horrores.
Por quê?
Simples, Osún é a representação da ordem e do caos, do exterior belo e do interior feio que mostra através de suas atitudes, o feio que ela guarda são suas armas venenosas que ela é capaz de fazer Obá cortar a própria orelha para oferecer a Sàngó no amalá do rei de Òyó.
Ela enfrentou ÈŞÙ sobre os conhecimentos dos búzios. Não se deixou convencer de que não era capaz de saber por não ter o dom que ÈŞÙ tem sobre este e planejou, sutilmente, conseguir o dom desse conhecimento de tão antigo que é ser a conhecedora dele assim como ÈŞÙ também e, pasmem, ela conseguiu, é OSÚN quem dá a visão das caidas e cobra esse preço do sacerdote e do consulente, por isso você deve pagar, pois os olhos do jogo dos búzios é Osún enquanto a boca é ÈŞÙ.
Olórum deu o poder das Ìyámi Òsòróngà para viverem nas árvores e representarem os pássaros principalmente as corujas. Elas foram criadas através de um ventre, o sangue da feminilidade, o poder da mulher em trazer consigo a luz da vida, o outro ser.
Na floresta negra, não era permitida nenhuma pessoa adentrar, pois seria amaldiçoada pelas Ìyámi que não permitia a entrada de ninguém, pois ali era o seu reino natural e sagrado.
Osún, novamente, quebra todas as ordens e vai até a floresta e adivinhem, ela consegue persuadir as Ìyámi e se torna à líder delas, a grande e poderosa feiticeira e mãe Òsòróngà, a que carrega o poder do sagrado feminino.
Ela escolhe passar na vida de todos os Òrìsàs masculinos e tira deles todo o conhecimento que tem e aprende a arte da guerra e a manusear a espada com tanta agilidade que é capaz de matar um indivíduo apenas com uma simples passada da ponta de uma espada no pescoço dele como uma navalha.
Ela percebe que usar da violência física não faz tanto o seu feitio e prefere a arte das palavras, das energias dos elementos do universo que conhecemos de magia, fogo, terra, ar e a água.
Osún foi tão astuta que matou todos os inimigos de Sàngó envenenados quando eles invadiram o Palácio do rei enquanto ele estava na guerra com Oyá.
Osún é assustadora. Ela é de uma mente tão sagaz, veloz e mais certeira que uma flecha de Òsóòsì aliás, aprendeu com ele a caça e a tiragem da pele e acreditem, foi ela quem mandou o pássaro da morte a mando das Ìyámi para levar pânico na região e pasmem também, foi através de um ebó que Òsóòsì venceu o pássaro, mas esse ebó foi feito pela mãe do caçador que era feito de ovos, os ovos, não se surpreendam, representam Osún.
Ela cria situações, uma cama de gato que a própria pessoa acaba perdida. Ela tem a destreza de chegar em um campo de guerra e convencer o fim da batalha só pelo dom da palavra que ela carrega nos lábios.
As águas da cachoeira parecem inofensivas, mas elas matam um afogado.
Osún é vaidosa na suas artes de engendrar uma nação inteira seja ela em Ketu, Òyó, Jeje, Tapá, ela carrega consigo uma profunda magia de confundir e penetrar a mente de uma pessoa.
Quando ela transforma o sangue em penas do pássaro ÌKÓÒDÍDÉ, dali você já tira o quão poderosa feiticeira ela é.
Ossãin pode ser o conhecedor das ervas, das folhas, mas não duvidem, ela também sabe e faz uma magia com elas tão e mais poderosa que ele.
Nunca subestimem essa Òrìsà, pois ela pode destruir um apenas com um leve sorriso. Não caiam nesse papo de que ela é doce, amorosa e apenas vaidosa, ela é destemida e cruel, impiedosa e perigosa. O maior poder dela quando um filho que ela escolhe não segue os seus preceitos é o desprezo eterno e a desgraça na terra. Surpresos? Não fiquem, pois ela afoga um apenas com seu charme se abanando em seu leque de penas do ÌKÓÒDÍDÉ.
Ora iê iê ô
Texto de Thau Ãn
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