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Mãe Nitinha de Ọ̀ṣùn (Areonite da Conceição Chagas).


 Mãe Nitinha de Ọ̀ṣùn (Areonite da Conceição Chagas). Nasceu em 12 de setembro de 1928 na cidade de Santo Amaro de Ipitanga, hoje Lauro de Freitas - Bahia. Tendo sido criada desde o nascimento por sua "madrinha" Maria da Natividade Pereira (Ògún Jọbí), filha-de-santo de Tia Massi (Maximiana Maria da Conceição), quinta Ìyálórìṣà da Casa Branca do Engenho Velho, foi iniciada ainda criança (em 1933) num barco em que também estava Mãe Teté de Yánsàn.


Sua primeira Casa de Candomblé foi fundada em sua cidade natal. Recebeu os postos de Òsì Kékeré, Ọ̀tún Kékeré e Ìyá Tébeṣé no Candomblé do Engenho Velho. Alcançou ainda a função de Ìyágán no culto aos Egúngún do Ilé Bàbá Agboulá, em Amoreiras, Ilha de Itaparica - Bahia.

Era também Ojú Ọdẹ ("os olhos do caçador") na Casa Branca. Sobre isso, ela disse em 2006: "Lá na roça, na festa de Ọ̀ṣọ́ọ̀sì, eu carrego a cabeça do boi, sou eu que carrego, fico lá presa 21 dias" (vide Referência 1).

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1963. Seu primeiro terreiro no estado fluminense foi aberto em uma casa alugada à Rua Cristóvão de Barros, no bairro de Realengo. Anos mais tarde, migrou para a Baixada Fluminense e instalou seu terreiro em outra casa alugada, na Rua Aroeira, em Miguel Couto. Em 1971, fundou por definitivo a Associação Nossa Senhora das Candeias na Rua Tamôio, 99, também em Miguel Couto, onde até hoje está o Àṣẹ Ìyá Nàsó Ọká Ilé Ọ̀ṣùn.

O empenho de Mãe Nitinha como Ìyálórìṣà e o domínio que possuía sobre a religião fizeram com que o seu terreiro ganhasse destaque. Em 2005, o Presidente da República convidou Mãe Nitinha a fazer parte da comissão que viajaria ao Vaticano para os funerais do Papa João Paulo II. No dia da viagem, contudo, chegou atrasada ao aeroporto e não quis mais viajar. "O Santo mandou ficar", disse.

Devido às suas funções na Casa Branca do Engenho Velho, viajava com frequência a Salvador para cuidar das obrigações e orientar nas festividades. Durante uma dessas viagens, no dia 4 de fevereiro de 2008, Mãe Nitinha faleceu depois de ficar doze dias internada no Hospital de Brotas. Contava 74 anos de Santo e 80 anos de idade.

"Sempre correta em atitudes e dedicada aos seus trabalhos, Mãe Nitinha é um exemplo de respeito e cumplicidade para com os Òrìṣà, aos quais dedicou toda a sua vida. Era animada, exuberante e graciosa, mas também enérgica quando preciso. Era conhecida nacional e internacionalmente, com filhos-de-santo espalhados pelo Brasil, Argentina, França, Portugal, Itália, EUA e outros países. Conquistou sua fama por conta de seus conhecimentos e sapiência no Candomblé em suas diferentes nações. Mãe Nitinha não era apenas um exemplo de Ìyálórìṣà; ela tinha poder nas decisões e magia no olhar. Foi incontestavelmente uma das maiores lideranças religiosas na Bahia e no Rio de Janeiro." (vide Referência 2).

No sepultamento de Mãe Nitinha, Ìyá Cléo Martins, Agbeni Ṣàngó do Ilé Àṣẹ Òpó Àfọ̀njá e Ìyálórìṣà do Ilé Àṣẹ Asiwaju, disse: "Com sua morte, vai também um conhecimento sobre a religião que poucos detêm. O Candomblé está de luto".

[A foto pertence ao acervo do Àṣẹ Ìyá Nàsó Ọká Ilé Ọ̀ṣùn, com data desconhecida.]

Referências

1. "Os Terreiros de Candomblé como Representação da Identidade Cultural Afro-Brasileira", de Marcia Ferreira Netto, 2013, p. 138.

2. "Sobre Mãe Nitinha", em https://web.archive.org/web/20140103133846/http://www.maenitinha.com.br/sobre-mae-nitinha.html.

# Publicado por Carlos Wolkartt em 4 de setembro de 2020, às 19h. Gratidão ao Bàbá Mauro Nunes pelos esclarecimentos.



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