O candomblé como todos que participam percebem é uma religião com muitas diferenças entre as demais. No candomblé nós cultuamos deuses. O candomblé é a natureza, por isso ela tende não julgar a personalidade, caraterísticas, defeitos de cada ser humano, pois se sabe que todos nós somos diferentes, cada um tem sua carga de vida. Outras religiões pregam que pra ser um ser humano melhor VC tem que fazer caridade, tem que se reprimir sexualmente, entre vários outros dogmas que são imposto os adeptos, fazendo os muitas vezes se livrarem de todos os prazeres saudáveis que essa nossa vida na terra pode proporcionar. Candomblé acredita que as pessoas não devem se forçar a boas, e nem se forçar a ser quem não são, isso acaba com nossa personalidade e nossa individualidade. Aquela famosa frase do copo sujo se encaixa bem nos nossos dogmas. Por exemplo, todos nos somos copos a ser preenchidos. Todo ser humano por natureza tem sua parte negativa. então essas pessoas seriam como copo sujos. Se forçar a ser quem não são, força-las a fazer caridade pra não irem ao inferno e ganharem o céu, seria como colocar a água mais pura dentro deste copo sujo. E pra sermos sinceros, vc fazer caridade por esses motivos, acaba na verdade sendo algo que vc fazendo por vc, pra se sentir melhor, pra aliviar a consciência pesada de seus erros e defeitos, e para não ir ao inferno, mas sim ganhar uma eternidade de paz e felicidade do céu. O candomblé não pensa dessa maneira. Ele nos deixa muito claro sobre nossa personalidade, erros e defeitos, através de arquétipos, jogo de búzios, odu, etc. Digamos que o candomblé prega que vc não deve fazer caridade pra ser um ser humano melhor, mas primeiro deve corrigir seus erros e defeitos, pois assim a bondade vai surgir naturalmente dentro de vc. Então pregamos que o copo de ser limpo primeiro, pra depois ser preenchido naturalmente de água limpa. Estou dizendo tudo isso, pra chegar em um ponto. Candomblé não faz caridade. Caridade é algo que de ser feito entre os seres humanos. Independente da religião.
O babalorixá geralmente cobra pra iniciar o santo de alguém. A responsabilidade de fazer santo é do iyawô, e não do babalorixá. Fazer santo envolve muitos gastos, tempo do babalorixá, stress do mesmo (pois iniciar alguém é algo de muita responsabilidade), sem contar o desgaste físico, que é algo extremo, como os adeptos de mutos anos sabem. Chegam a passar noite em claro. Trabalham no frio, no calor, de madrugada. Tem gente que sai do serviço, vai a roça de candomblé, vira a noite na função e ainda vai trabalhar novamente no dia seguinte. O pai de santo não aprendeu tudo que sabe de graça. Ou ele ralou muito pra aprender, ou pagou pra ter a disposição um babalorixá que parou seu dia, e que ira ensinar tudo que essa pessoa precisa saber.
Outro fato: vc não sabe quem é quem. Vc pega dinheiro do seu bolso, ou dos filhos de santo, gasta o gás da casa de candomblé, a água, a luz, os mantimentos pra iniciar alguém, para essa pessoa as vezes ser um péssimo iyawô, que irá largar o santo, que pode "kizilar" a casa, que pode ser alguém que não respeita hierarquia. Geralmente pessoas que não precisaram dar nada pra fazer santo, são as pessoas que não dão valor ao seus orixás, babalorixas, pois não precisaram abrir mão de nada pra ter o orixá em suas vidas. Pois fazer santo não é as pessoas fazerem algo por vc e por seu orixá. É vc abrir mão do que tem, abrir mão de seus confortos, se sujeitar a ser humilde, pra ser merecedor de ter o orixá em sua vida.
A responsabilidade é sua. Uma pessoa trabalhar duro economizar dinheiro, e oferecendo esse dinheiro ao seu orixá em vez de gastar consigo mesmo já é uma prova de fé.
Por outro lado existem babalorixás que se corromperam por conta do dinheiro. Cobrando valores absurdos em iniciações. Esses indivíduos passaram a cultuar o dinheiro, não orixá.
Quanto a trabalhos... Isso não é obrigação do babalorixá. É um favor que o mesmo presta, ou um serviço que ele oferece. E tem que ser cobrado. Porque o babalorixá deve tirar dinheiro do seu sustento, dinheiro de sua casa de candomble, pra fazer um trabalho pra um desconhecido, que se usa de nossa religião como um meio de conseguir o que quer, muitas vezes sem saber ser agradecido com as pessoas que lhe ajudaram e com os orixás? Uma coisa é VC fazer um trabalho para um bom filho da casa, que ou sempre esteve presente, ou que sempre contribuiu, e que está passando um momento de dificuldade. Outra coisa ė VC fazer algo de graça pra um filho de santo que nunca está presente, não contribui com a casa, que acaba sobrecarregando seus irmãos, aparecendo somente na hora da festa ou quando está precisando de alguma coisa. São casos e casos, e não deve haver abuso por parte do babalorixá.
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