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Eu já assisti essa história muitas e muitas vezes. Alertei tantos, mas poucos escutaram. Espero que, com o presente texto, algumas pessoas possam compreender o processo natural que ocorre. Infelizmente, observamos os novatos desistirem do maravilhoso caminho que é a mediunidade prematuramente. Nem mesmo aguardam o momento em que possam entender o que é de fato esse carregar esse dom.
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Quando ele inicia na Umbanda, tudo para ele é maravilhoso. Acredita que o terreiro é perfeito, todos ali são pessoas maduras, evoluídas e que se dão muito bem uns com os outros. Para ele, os médiuns são infalíveis e o Pai/Mãe de Santo, inquestionável, quase um deus.
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A religião se torna o assunto principal de suas conversas. Onde vai ele dá um jeito do papo ir para este lado. Na sua ânsia de conhecimento, consome os diversos livros, vídeos, textos, lives. Se olhar os grupos de whats app, metade é de Umbanda. Isso sem contar os grupos do facebook, blogs, páginas.
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Não vê a hora do dia da gira. Já planeja tudo o que perguntar para o guia. Questiona-se a cada passe: será que é hoje que vou incorporar? Ou então: será o guia vai rodar ou bradar? Porém, a sua maior expectativa é descobrir o nome deles e de seus Pais de cabeça.
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Assim é a fase inicial do médium: ansioso, faminto por conhecimento, deslumbrado, ingênuo. E apesar disso, ainda não têm noção do quanto precisam aprender e quão longa é a caminhada. Como ensina Pai Guiné “este mundo é grande, meu filho. Ainda tem muito caminhador para fazer”.
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No entanto, o tempo passa e o médium novo no terreiro começa a perceber que as coisas não são tão boas como pensava. Nota os grupos de fofoca, as panelinhas, os desentendimentos entre os irmãos. As palavras das entidades já não lhe soam tão verdadeiras, procura, a cada consulta, encontrar indícios de animismo. Reconhece que o/a dirigentes não são intocáveis. Se pudesse, ele mudaria muito do que acontece ali dentro. Essa é a segunda fase.
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Com ela, vem a dúvida, o desânimo, o desejo de desistir da Umbanda. Em tudo ele vê defeito e sabe o que cada um deveria fazer. Já não sabe se ali é o seu lugar, se escolheu o caminho correto. Indaga-se se este não é o motivo pelos problemas que enfrenta. Passa a frequentar outros lugares: talvez encontre alguém que realmente possa satisfazer os seus anseios.
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É neste momento que médium precisa entender que nenhum terreiro é perfeito, nenhuma pessoa é à prova de falhas. Os templos são feitos de pessoas, com suas qualidades e defeitos. Estamos aqui todos em evolução, em contínuo aprendizado. Você pode até mudar de casa, ir para outra religião, mas também encontrará o que discorda, o que desagrada. Portanto, se não há alguma atitude que fuja aos princípios éticos e morais, é melhor que você persista. Desta maneira, alcançará o estágio seguinte.
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A terceira fase é a aceitação. É quando o médium iniciante, que já não é mais tão novo, compreende que ele não está no terreiro pelas pessoas, e sim para servir à espiritualidade que ali habita. Ele não se preocupa em agradar ou desagradar ninguém, não participa dos grupos de afinidade, não se interessa pela últimas fofocas. Sabe que seu foco está na relação entre ele e os guias e Orixás. Seu papel é praticar a caridade, e nada mais.
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Com este ideal em mente, ele se reveste com uma imensa força. Nada abala seu propósito, nenhuma intriga ou melindre é capaz de desviá-lo de sua missão. Embora entenda que o terreiro não é perfeito, assim como ele mesmo, tolera o que não pode mudar. Seu guia é voz que toca seu coração, não as palavras venenosas de alguns. Por esta razão, ele pode repousar tranquilamente, uma vez que cumpre os ensinamentos transmitidos pelo Alto.
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Saravá a todos!
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