A Legitimidade do Branco no Candomblé.

AGEN AFRO OPINIÃO.

Hoje virou questão essa história da Legitimidade do Branco no Candomblé.

Situação incrível né? (Ao pé da letra).

Quem é preto? Quem é Branco?.

Estamos falando da cor da pele? Complicado isso.

Sou Branco como o leite, quase transparente.

Minha avó materna era Mulata. Meu Bisavô era negro e, seus pais, provavelmente escravos.
Como é que fica. Isso, heim?
.
Lembra da minha avó mulata, filha de um negro, pois é, a mãe dela era mameluca, filha de uma índia que se casou com um italiano. Aí, essa mesma avó mulata, se casou com um neto de Português, da cidade do Porto, que veio parar em Santo Amaro da Purificação. Então, sou bisneto de baiano, também, pois lá na Bahia nasceram os filhos do meu Trisavô Português, casado com uma mulata baiana, filha de negros.
Por que preconceito não deveria ter atenção,
Nem mesmo devia ser espada afiada,
Que como inverso, deveria respeitar qualquer nação.
Que se grite por liberdade e nunca mais pelo seu reverso.
Para não se botar preço no que no passado foi feito
Pois nada, e ninguém, nem mesmo esse ato perverso,
Que usam como bandeira, por medo, descaso ou despeito.
É capaz de pagar o sangue degredado por toda opressão.

Ah, mas se quiserem, meu avô paterno era Árabe, de procedência Libanesa. Filho de um Libanês com uma Inglesa e se casou com uma filha de Alemão.

Ihhh, descendo de negros por dois lados de minha ancestralidade. Que coisa hein?

Pois é, e eu, então, o que sou?

Ah, lembrei, sou Brasileiro., Desses bem vira latas.

Sou filho dessa mesma terra que criou o Candomblé. Sou conterrâneo dessa religião.

A brasilidade dos seus ritos, apesar de sua ascendência africana é a mesma que corre nas minhas veias, apesar de todas as minhas ascendências.

Sou Brasileiro. A cor da minha pele não me define. Herdei essa compreensão dos negros, meus ancestrais. Está no meu sangue, no meu DNA.

Movimento nenhum me define. Seja direita, de centro ou de esquerda.

O único movimento que me define veio de cima. Ele é a força do Orixá. A força de Exu, a força de Oxagiyan.

Então, nada me define, por que já nasci definido. Nada me define por que não autorizo a ninguém a me definir.

E se sou Babalorixá é por que fui escolhido antes de nascer. Provavelmente lá no Orun, minha alma não era branca, nem negra. Era simplesmente alma.

E permitiu Olodumare esse meu destino. E Orunmila o testemunhou.

Então,

Deixemos de conversa fiada.

Carlos Eduardo Medawar - 22/06/2020